
Entre os deuses!
Amigo cacopediano, levante da poltrona, desligue a TV ou deixe de fazer seja lá o que for que você está fazendo. É que está acontecendo, desde a última quarta-feira, dia 18, no Memorial da América Latina, próximo ao terminal Barra Funda, o 1° Salão Nacional do Jornalista Escritor. O evento, idealizado e organizado pelo grande jornalista Audálio Dantas, vem reunindo alguns dos principais nomes do jornalismo e da literatura brasileira atualmente. É, sem exagero, como estar entre os deuses. E esse que lhe escreve irá se explicar.
Amigo cacopediano, levante da poltrona, desligue a TV ou deixe de fazer seja lá o que for que você está fazendo. É que está acontecendo, desde a última quarta-feira, dia 18, no Memorial da América Latina, próximo ao terminal Barra Funda, o 1° Salão Nacional do Jornalista Escritor. O evento, idealizado e organizado pelo grande jornalista Audálio Dantas, vem reunindo alguns dos principais nomes do jornalismo e da literatura brasileira atualmente. É, sem exagero, como estar entre os deuses. E esse que lhe escreve irá se explicar.
Na quarta-feira mesmo, primeiro dia de atividades, estive lá e vi todas as atrações, exceto a última palestra, que contou com a participação de um editor do Le Mond Diplomatique. O tema me agradava, a oportunidade de ver e ouvir alguém com autoridade internacional era muito boa, mas o cansaço iminente após um dia inteiro de atividades intelectuais acabou vencendo. Mas vamos as que eu pude ver para que eu possa elucidar o leitor do exagero anterior.
Logo de cara Luis Fernando Veríssimo. Sempre admirei o trabalho dele, apesar de conhecer superficialmente, porém nunca havia presenciado qualquer entrevista com o criador do Analista de Bagé. E que surpresa. Sempre idealizei os grandes escritores como seres inatingíveis, verdadeiros mitos para mim, e Veríssimo era um deles. No entanto, assim que começou a entrevista, conduzida excelentemente pelo jornalista Claudiney Ferreira, essa idéia começou a desaparecer da minha cabeça, se esvaindo como névoa, e assim comecei a ter, e Nietzsche que me perdoe, o meu próprio crepúsculo dos ídolos.
Logo de cara Luis Fernando Veríssimo. Sempre admirei o trabalho dele, apesar de conhecer superficialmente, porém nunca havia presenciado qualquer entrevista com o criador do Analista de Bagé. E que surpresa. Sempre idealizei os grandes escritores como seres inatingíveis, verdadeiros mitos para mim, e Veríssimo era um deles. No entanto, assim que começou a entrevista, conduzida excelentemente pelo jornalista Claudiney Ferreira, essa idéia começou a desaparecer da minha cabeça, se esvaindo como névoa, e assim comecei a ter, e Nietzsche que me perdoe, o meu próprio crepúsculo dos ídolos.
Veríssimo começou a falar. Perguntado sobre como foi seu começo no jornalismo e o que fazia, ele se saiu com essa, para alegria do público, que ficou às gargalhadas: “Eu fiz de tudo no começo, até horóscopo. Escrevia e no outro dia olhava o meu mesmo, que é Libra”. Veríssimo já ria junto com a platéia, quando Claudiney perguntou se aquilo era difícil de se fazer. Mais uma vez com um humor fascinante, ele respondeu: “Era nada. Quando tava pra fechar e não tinha o que escrever, eu apenas invertia. O que havia escrito ontem em Libra, colocava hoje em Sagitário, e como cada um só lia o seu, dava certo. Mas aí eu descobri que a direção do jornal lia todos, e eu fui demitido”.E essa foi a constante da belíssima entrevista.
Sempre bem humorado, Luis foi falando de sua carreira, de suas técnicas para escrever, da paixão pelo Jazz e por Louis Armstrong. Falou ainda da sua paixão pela leitura e da influencia que teve do pai. Mas não posso deixar de contar aqui as maravilhosas piadas, ou não, desse gênio que consegue desfilar conhecimento com uma ironia de dar gosto. Um dos momentos mais engraçados e de maior frenesi do público foi quando Veríssimo falou de sua tese para a escassez, hoje em dia, de representantes da esquerda em nosso país: “Antigamente as redações eram uma correria só, muito barulho. E o jornalista se identificava com o operário. Atualmente, tudo mudou. É um silencio só, cheio de computadores, gente engravatada. Acho que isso contribuiu para a mudança da esquerda para a direita na nossa mídia”.
Mas Veríssimo também falou sério. Perguntado sobre a crise da educação no país, e por que somos um país tão subdesenvolvido em termos de cultura, ele citou outro grande gênio: “Mario Quintana dizia que o pior analfabeto é aquele que sabe ler e não ler. Acho que isso serve muito para o nosso país hoje”.
E Veríssimo ainda falou de muitas outras coisas, sempre com o humor característico. No final o público aplaudiu de pé, com alvoroço.
E Veríssimo ainda falou de muitas outras coisas, sempre com o humor característico. No final o público aplaudiu de pé, com alvoroço.
Já no saguão, à espera da próxima atração, encontrei-o dando sopa, após autografar alguns de seus livros. Apresentado por uma amiga, ele me cumprimentou e eu pedi para que tirasse uma foto comigo, o que ele logo aceitou, com um “claro” quase inaudível. Depois de tirada a fotografia, me dispersei dele e fui reaver meu amigo que me acompanhava. Dei alguns passos e olhei para trás. E então vi a cena que foi, além da que mais me marcou em Veríssimo, a mais freqüente do glorioso escritor gaúcho no Memorial da América Latina. As mãos para trás, entrelaçadas, exibiam uma simplicidade que nada tem a ver com os Deuses. Agora entendo porque, certa vez, após ler algumas coisas de Umberto Eco mostradas por mim, um amigo me disse que Eco era uma espécie de Veríssimo versão italiana, ou vice-versa. Obviamente meu amigo se referia à simplicidade do texto, pois ele havia lido os relatos do Diário Mínimo, mas acredito que, e mal sabia ele, a associação tem um sentido bem maior.
Depois de Veríssimo veio Ruy Castro, mas esse é outro deus, e que merece outro capitulo.
3 comentários:
E eu não fui...
Ou melhor: não PUDE ir.
Adorei o texto, querido!
Uma pena eu não estar com vocês nesse evento... =(
oh eu de novo...
huahuah
muito bom, se bem que escreve sobre o verissimo deve se igual se treinador da seleção brasileira, como diria um amigo nosso num momento de bebedeira...é fácil
xD
Thais,
Uma pena mesmo. O evento foi de suma importância para nós que escolhemos tal profissão. Mas próximos deverão pintar por aí.
Thiago,
Apareça mais vezes meu caro. É, realmente, falar de Veríssimo é muito fácil. Sobre sua comparação, uma pena nosso técnico fazer tanta questão de ser do contra. Até nisso.
Abraços
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