domingo, 25 de novembro de 2007


A Saída está na Poesia

Ariano Suassuna, escritor paraibano, é, certamente, uma das últimas lendas vivas de nossa literatura. Amante da cultura brasileira, o autor de A Pedra do Reino tem uma poética fascinante, quase sempre marcada pelo destino trágico traçado para a sua vida de sertanejo. E todo o fascínio da obra de Ariano, contada sob o plano de sua vida, pôde ser vivido pelo público que passou pelo CCBB, entre os dias 15 de setembro e 04 de novembro, e que viram a peça “Ariano, arauto de um tempo armorial”, dirigida por Gustavo Paso.

No entanto, evoco Ariano e a brilhante peça de Gustavo para comentar uma notícia que acabo de ler. É que na cidade mineira de Araxá, por uma iniciativa da Academia de Letras local, as embalagens do pão de cada dia têm poesias impressas. Ou seja: literalmente, os cidadãos de Araxá tomam o que podemos chamar de um verdadeiro café poético. Os versos tratam do cotidiano, da natureza e do próprio pão. E que bela iniciativa.

Começo a imaginar como seria bom se a moda pegasse. Que bom seria comprar um pacote de biscoitos em que se visse Drummond, ou mesmo Rimbaud. No feijão então, que beleza! Imaginem só nossas mães, ao abrirem o pacote para espalhar os grãos sobre a mesa, a fim de escolher os melhores, se deparando com um belíssimo verso de João Cabral falando do amor, por exemplo. Que bom seria ver as embalagens dos achocolatodos adoçadas pelo punho de Monteiro Lobato. Sem contar que poderia se tornar um belo mecanismo de educação para as crianças. Até Ziraldo poderia entrar nessa e produzir suas famosas frases em parceria com as empresas desse ramo. Seria mesmo uma maravilha.

Voltando a Ariano e a peça de Gustavo, o espetáculo mostra o conflito do próprio Ariano, agora personagem, que viaja entre suas obras para buscar, no final das contas, uma resposta para a vida. E a iluminação do personagem se dá pela frase: “A saída está na poesia”. A saída é mesmo genial. E os habitantes de Araxá sabem muito bem disso.



Um comentário:

Carol Peres disse...

Eis um exemplo vivo de racismo, Sim eu acho. Poucos conhecem esse talentosíssimo escritor que cospe poesia. Será porque ele é sertanejo? Mas, foda-se todos que não o conhecem. Bom para ele que tem em seus seguidores leitores fiéis, assim como eu!

Tudo bem...

Tenho que informar que já tive o enorme prazer de estar ao lado deste imortal. Sim! Quando eu estacionava em Recife. Ouvi e vi uma entrevista completa. Na época sobre o aniversário da tão amada Pernambuco, terra da união cultural.